domingo, 1 de maio de 2011

Quem é o tabaréu “que não queria ser padre?”

(Matéria ainda não publicada)  

O “Jornal da Tarde”-  sempre chegando mais cedo - revela um pouco do escritor sergipano,  de Itabaiana, Antônio Francisco de Jesus (Antônio Saracura) que, depois do sucesso de “Os Tabaréus do Sítio Saracura”  aparece agora com “Meninos que não queriam ser Padres”, cujo lançamento está programado para o dia 2/6/2011 no SESC centro, na rua dom José Thomaz, a partir das 19:00 horas. Mas o livro já está na Escariz dos shoppings da cidade.
Quem já leu o novo livro de Saracura diz que é tão bom (senão melhor!) quanto o primeiro.
Vamos à entrevista, dada ao repórter Jorge Henrique, no pátio da rádio Aperipê, no último dia 20/04/2011.

Repórter – De que tratam seus livros?
Saracura -  De Itabaiana, de Sergipe: seu povo, seus costumes, suas crenças, sua alma.

Repórter – Por que só agora, depois de 65 anos  de idade, é que você publicou o primeiro livro. Estava hibernando, era?
Saracura – De uma hora para outra, comecei a ficar assustado com a broquice iminente e a morte próxima. E minha fonte de pesquisa, Florita, minha mãe, está com mais de noventa anos e corre sérios riscos de nos deixar. Tinha que publicar agora ou nunca mais.

Repórter -  E Sobre a hibernação? Você pulou!
Saracura – Aos cinco anos de idade - ou menos - meu avô Totonho Bernardino, me enfeitiçou  com os livros (cordéis). Depois, no seminário, escrevi feito um doido (tenho cadernos cheios de versos, contos, “ensaios”...). Quase viro jornalista profissional aos 20 anos, cheguei a ser Redator-chefe de “A Cruzada”. Mesmo como Analista de Sistemas (minha profissão) sempre tive um romance ao lado de um manual técnico ou de um “list assembler”. Durante a minha vida, a cada dia, escrevi meus dramas, meus júbilos, em cadernos de capa dura, que guardo com desvelo. Em vez de hibernar, estive me condicionando para realizar meu sonho de estudante: contar em livros as estórias que vivi (ou penso que vivi). 

Repórter – Quem financia a publicação de seus livros?
Saracura –  Como não consegui nenhum mecenas, estou exaurindo a pequena poupança que fiz na vida espartana que levei. Deu para os dois que saíram. Como meus filhos já saíram da escola, minha despesa mensal caiu um pouco e, assim, talvez ainda consiga publicar um terceiro livro.

Repórter - E esse terceiro livro, vai ser sobre o quê?
Saracura – O mesmo tema: Sergipe e Itabaiana ou vice-versa, que é, na verdade, o mundo todo espelhado aqui. Conterá histórias pequenas, acompanhando o povo  na sua lida do dia a dia.

Repórter - Por que você não falou ainda de seu livro de crônicas, premiado pela Secretaria de Cultura (Prêmio Mário Cabral)?

Saracura – “Minha querida Aracaju Aflita” (é o nome desse livro) está me deixando aflito. O concurso  foi no início de 2010. O prêmio seria a publicação pela SEGRASE (sem eu gastar um tostão), mas até agora os livros dos premiados “hibernam”. E o inverno pode até não acabar mais, parodiando uma imagem que me ficou de “Cem Anos de Solidão” (Gabriel Garcia Marquez)!   Esse negócio de concurso é coisa para garoto. Para um escritor de 65 anos, é um flagelo.  Posso até morrer sem ver minhas crônicas (que as adoro) sendo lidas pelo povo.

Repórter -  Fale sobre “Meninos que  Queriam ser Padres?
Saracura -  Um texto simples, engraçado, trágico, às vezes até épico. Escrito sem gastar cultura à toa, sem enrolação, sem empolação, sem esnobação.  Fala de conflitos sociais, de estudantes de Aracaju, de Itabaiana, de tiros de sal, de praias mortas, de festas populares e muito mais. Um romance azougado, penso que é. Você tem que conferir.

Repórter -  E quem é essa saracura, que te segue o tempo todo?
Saracura – Talvez seja uma das últimas saracuras de nossos brejos, chamando seus descendentes índios, que se perderam na mixagem do  Brasil colorido.  As lagoas da Terra Vermelha (e do país inteiro)  viraram açudes e os ninhos das saracuras, frigideiras. No dia em que eu for abatido também, espero deixar para os órfãos, pelo menos a voz indelével de uma saracura desgarrada, tentando consolá-los.

Repórter – Que coisa mais complicada! Vamos encerrar por aqui, que o espaço que tenho é pequeno.
Saracura – Bote mais, pelo menos, “três potes e um coco”.

Repórter - Nem mais um coco! Nem pense em colocar o acento!
Saracura – Mas não se esqueçam de ir ao lançamento do meu livro. Repetindo! É no SESC Centro, na Rua Dom José Thomaz, no dia 02/06/2011, a partir das 19:00 horas. Anotem na agenda! Conto com todos!

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