sábado, 11 de agosto de 2012

Maria do Carmo Costa fala de "Meninos que não Queriam ser Padres"


Acabei de ler"Meninos que não queriam ser Padres ". Para quem leu " Os Tabaréus do Sítio Saracura", foi surpreendente.Quando você fala em sua terra e a sua gente,homenageando-os,em "Os Tabaréus...",eu já achava que estavam alí reunidos, todas as suas emoções e sentimentos.
Enganei-me!
Em "Meninos que não queriam ser Padres",você se mostra por inteiro, com toda a carga emocional pela qual passou, os mais íntimos e puros sentimentos que o atormentavam e o faziam feliz.
A história contada em forma de diário é envolvente.Li o livro em apenas 2 dias.Se em "Os Tabaréus do Sítio Saracura"você resgatou uma dívida com os seus conterrâneos,em "Meninos que não queriam ser Padres",você resgatou uma dívida consigo mesmo.Você se preparou para ser um escritor, e o é, na verdadeira acepção da palavra.
Ao colocar no papel, emoções e sentimentos tão íntimos e profundos,tolhidos totalmente contra sua vontade, você provou isso.
Que bom, menos um padre, mais um escritor no mundo.Parabéns por mais esta obra,pela coraqgem e determinação.Um abraço.Alerto que essas considerações são de apenas uma leitora.Não sou crítica de nada.É só o que sinto.

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Antonio Francisco Jesus  responde >>>>> Que bom que você teve coragem de ler meus livros. Que bom que gostou! Este é o prêmio do escritor, a grande recompensa. Espero continuar dando minha colaboração à literatura de minha terra. Espero que meus livros incentivem outras pessoas a publicar livros também recuperando e eternizando nosso jeito de ser. Obrigado por ter escrito esse comentário que me fez muito bem. Valeu conterrânea!
(Postado no Facebook Antônio Francisco de Jesus em 08/08/2012) 

terça-feira, 10 de julho de 2012

O poeta Adail Vivela tece comentários sobre MQNQSP


MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES

Quando lemos um romance com o qual nos identificamos especialmente (como é o caso deste MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES), passamos por um processo mágico de apercebimento de “pontos de contato” com nossa existência. Eu, por exemplo, sou casado com Auxiliadora, viu Antonio Francisco Jesus? (oriunda de Lagarto, pra vc não confundir as musas... rsrsrsrsrs). A mais velha de minhas filhas estudou no Arquidiocesano, como o autor. No meu livro mais recente (POEMAS NO CORETO), também há uma referência a Zé Peixe (no poema Canção de Aracaju). Fui aluno de Monteirinho, que costumava manifestar sua satisfação de ganhar muito bem como professor universitário (ai, ai...). Também trabalhei com Vladimir Carvalho, ele como membro do TRE-SE, eu como Chefe da Seção de Acórdãos e Resoluções.
Também tive diversos encontros com figuras do passado, super-constrangedores para ambas as partes. Lembro de dois: 1- Marcos Coelho, o Dirinho, era um menino danado, vizinho nosso em Barreiras-BA, que um dia desenhou um triângulo com alguns tracinhos na calçada e o nome de uma de minhas irmãs... (rsrsrsrsrs) – encontrei-o muitos anos depois, eu estudante de Direito e ele cobrador de ônibus; 2- Johannes Stephannis, um de meus colegas do ensino fundamental, veio também para Aracaju; quando me encontrou eu já era servidor público federal de nível superior, e ele vendedor de fitas cassete na feira.
Também estudei de favor (no meu caso, bolsa em colégio particular, no ensino fundamental; e depois em escolas públicas, no ensino médio e no superior – sendo no primeiro caso morando com um amigo da família ou em pensionato custeado por outro amigo; e depois em república universitária).
Assim como o autor, lia muito, só que sempre tive pessoas que me emprestavam ou davam livros; e, feito o autor, também estudava muito; creio que, assim como ele, sou um vencedor.
Já li os outros livros de Saracura: MINHA QUERIDA ARACAJU AFLITA e OS TABARÉUS DO SÍTIO SARACURA. Não sou crítico literário, porisso minha opinião é de leigo, no sentido de que ele alcançou um nível artístico mais elevado com OS TABARÉUS. O livro é extremamente dramático e estranhamente atrativo.
Falando do que interessa no momento, que é MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES, o sentimento que ficou para mim é que o livro reflete um conflito aparentemente real na existência do escritor, de aceitação X repúdio; progresso X recalque; resgate X esquecimento. Em outras palavras, há pontos altos e baixos. Para resumir, creio que ele teve a coragem de enfrentar muitos fantasmas e, no geral, saiu-se bem. Não detectei erros de revisão; pensei em sugerir que ele identificasse os rostos nas fotos do final; depois de ler, no apêndice do livro, a identificação dos personagens, alguns reais outros fictícios, acho que fica melhor como está... faz sentido.
Como último “ponto de contato”, assim como o Saracura está melhor ao ter escrito, também me sinto melhor por ter lido. Acredito que é para isto que nascem as obras literárias... deixando gosto de quero mais!
 ·  ·  · Ver amizade
    • Antonio Francisco Jesus 
      Fico satisfeito em saber, pelo texto acima e por outros anteriormente divulgados, que meus livros foram bem aceitos pelo poeta Adail Vilela. Em nome deles, agradeço. Quando um leitor se dispõe a romper barreiras e registrar sua opinião sobre um livro, eu creio que é porque o livro o atingiu. E balançou a natural comodidade que nos embala na vida. Tem que ser um livro que valeu a pena ser escrito, um filho que valeu a pena ser criado. Pois valeu a pena ser lido, valeu a pena conhecê-lo. Por isso estou agora muito satisfeito. Depois do que você escreveu, estou esperançoso de que, pelo menos, mais uma pessoa resolva ler livros. Sejam os de minha autoria, da sua (Poemas de Pinho Apolo, O Grito das Pedras e Poemas no Coreto) ou de qualquer cabra sério que produza literatura. E sobre Os Tabaréus? Eu mesmo me surpreendo às vezes grudado nele, lendo-o pela enésima vez.
      há ± 1 hora · 
    • Adail Vilela de Almeida Boa noite, amigo Saracura - que bom ser incluído no rol dos escritores sérios! (rsrsrsrs) Não tenha dúvida, você pode entrar em qualquer ambiente literário de cabeça erguida - e, evidentemente, sou seu
      fã!!!!!!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O jornalista Luduvice José escreve sobre "Meninos..."e sobe


MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES” UM LIVRO QUE REVOLVE O PASSADO

*Luduvice José

Ainda nem deu tempo de me enxugar do saudosismo após o profundo mergulho que dei no livro “MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES”, do colega de seminário ANTONIO FRANCISCO DE JESUS.. Fui fundo, num périplo que o Saracura me proporcionou, revolvendo e me envolvendo em fatos, alguns sem conseguir esconder a realidade, mesmo travestidos de ficcionismo, mas flagrados por mim como ator de simplória participação nesse enredo sacro- profano.
Foi gratificante recordar. E ainda reverbera nos recônditos das evocações, permitindo-me buscar, levantando as dobras fugidias do tempo, e me encaixar em certas tramas, ligando nomes que o autor adicionou convenientemente complementos, além da providencial troca geográfica de logradouros que circundaram o então vetusto seminário arquidiocesano, aonde vivi durante alguns anos – é até de espantar -, estudando para ser padre.
Quarenta e nove anos me distanciam da história insculpida em cada capítulo. Sobretudo nas entrelinhas que vertem de soslaio, solilóquios de estórias que o tempo já havia entrevado nas minhas lembranças, levadas naturalmente e, que agora, pinceladas em graníticas e cristalizadas colocações, reacendem díspares direções, ensejando até mesmo uma cronologia que me emociona pela fidelização da pena de Antonio Francisco, com parte do que ocorreu e mereceu registro no seu livro. Que diga-se de passagem, dormitou bastante tempo para vir a lume, certamente tomando corpo no ruminar tão próprio dos cautelosos e prudentes. Certamente eivado pela concisão explícita, uma certa disciplina conseguida quem sabe nos soturnos e inexplicáveis – para mim, é claro -, retiros espirituais a que eram submetidos os seminaristas, sem maiores explicações, até mesmo por que todos já estávamos retirados da normalidade dos comuns.
Certamente Antonio Francisco tenha pinçado e coado vertentes, e depurado prioridades, dos calhamaços paridos dos diários gestados na surdina, escondendo urdiduras e agora revelando identidades de um bando de meninos que alimentaram sonhos de chegar a padres, mas que no deambular dos variados caminhos, exigências – muitas absurdas -, isolamentos, colidiram com a realidade que nos acordou, destroçando a inocência onírica, mostrando e desmistificando a premissa reinante, de que chegar ao sacerdócio representasse o caminho ditoso de servir a Deus.
No caleidoscópio da multiplicidade do caráter de cada colega – Antonio Francisco mostra as variadas tendências sem ser psicólogo -, pude enxergar as incongruências, assim como o fosso que separa a teoria, da prática. Principalmente da prática cristã, que não pode ser atrelada a nenhum segmento religioso.
A nostálgica lembrança, a narrativa circunstanciada, permitiram volatizar-me e recordar até mesmo da aragem penteando as folhas do sapotizeiro, e do elegante pé de sapota, provocando-me os sentidos que me trazem o adorável odor de maduros frutos que tanto saboreie. Da mesma forma que imaginei as frondosas mangueiras, que conhecia cada galho, pois mantinha uma estreita cumplicidade, pois me era fácil reconhecer, de longe, o estágio de cada manga, oportunizando-me arriscar um flagra do reitor, e célere chegar até aonde se encontrava o dadivoso e suculento fruto, acrescido do gosto da aventura.
Antonio Francisco de Jesus, tornou seu livro uma ponte, que vencida, mostrou uma clareira infindável que penetrei sem pudor, pela intimidade vislumbrada em cada página, citações ou frases. Um conúbio com o ontem, toldado pelos anos de fastio, revivido e pulsante na trajetória insculpida nas colocações precisas, retalhadas convenientemente, expondo-se nuas como exige o tônus contemporâneo da narrativa.
Atiçado, quase sôfrego, me deixei levar pela leitura, perpassando pelos corredores soturnos que entremeavam os dormitórios, ouvindo ainda o ranger alcaguete dos carcumidos assoalhos, a pontualizar a existência daquele seminário.
Recordei-me até das camas patentes, evocando a minha competência em desarmá-las, deixando-as como se estivessem armadas, deleitando-me quando ouvia algumas desabando sob o peso de um colega desatento.
Vi-me azucrinando o cotidiano dos prefeitos que, por infelicidade passaram pela divisão dos menores aonde me inseria. Consegui que a recordação me permitisse ouvir até o estridente badalar do sino que nos despertava, molestando nossos ouvidos e violentando a nossa vontade de permanecer mais um pouco na cama, pois a missa diária nos esperava.
Ah os apelidos!!! Pródigos em desassossegar os mais sensíveis e irritadiços, e que faziam o deleite dos gozadores, entre os quais me incluía.
E as famosas tardes de domingo obrigatoriamente vividas entre livros!!! Um despautério pois se tornavam abusivamente chatas, uma vez que o Reitor não nos dava trégua, exigindo-nos criatividade e artifícios para trocar os livros didáticos pelos romances, muitos que conseguia camuflar, na sua maioria não tolerados, incluindo os modernistas, na quase totalidade considerados impróprios para um seminarista.
Num todo, para não ser redundante, admito com contentamento, que o livro OS MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES, me levou a um passeio prazeroso pelo tempo. Desde o instante em que o autor descendo da marinete na Rua da Frente - Avenida Ivo do Prado -, se deparou com aquele açude descomunal (o Rio Sergipe), deixando para trás os pés de grota que bolinava com a enxada para a produção de mandioca, e chegando para uma nova jornada que lhe proporcionou escaladas, descortinando o saber que tanto perseguia, mas que sua querida Itabaiana nunca lhe concederia, tornando-se assim mais um entre os meninos que não queriam ser Padres.
Obrigado, colega, pela viagem. E olha que o roteiro pode ser ampliado numa segunda edição ou no tomo II. E que possa vir logo, pois já estou me preparando para novos mergulhos.

* Jornalista e crítico de arte