O poeta Adail Vivela tece comentários sobre MQNQSP
MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES
Quando lemos um romance com o qual nos identificamos especialmente (como é o caso deste MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES), passamos por um processo mágico de apercebimento de “pontos de contato” com nossa existência. Eu, por exemplo, sou casado com Auxiliadora, viu Antonio Francisco Jesus? (oriunda de Lagarto, pra vc não confundir as musas... rsrsrsrsrs). A mais velha de minhas filhas estudou no Arquidiocesano, como o autor. No meu livro mais recente (POEMAS NO CORETO), também há uma referência a Zé Peixe (no poema Canção de Aracaju). Fui aluno de Monteirinho, que costumava manifestar sua satisfação de ganhar muito bem como professor universitário (ai, ai...). Também trabalhei com Vladimir Carvalho, ele como membro do TRE-SE, eu como Chefe da Seção de Acórdãos e Resoluções.
Também tive diversos encontros com figuras do passado, super-constrangedores para ambas as partes. Lembro de dois: 1- Marcos Coelho, o Dirinho, era um menino danado, vizinho nosso em Barreiras-BA, que um dia desenhou um triângulo com alguns tracinhos na calçada e o nome de uma de minhas irmãs... (rsrsrsrsrs) – encontrei-o muitos anos depois, eu estudante de Direito e ele cobrador de ônibus; 2- Johannes Stephannis, um de meus colegas do ensino fundamental, veio também para Aracaju; quando me encontrou eu já era servidor público federal de nível superior, e ele vendedor de fitas cassete na feira.
Também estudei de favor (no meu caso, bolsa em colégio particular, no ensino fundamental; e depois em escolas públicas, no ensino médio e no superior – sendo no primeiro caso morando com um amigo da família ou em pensionato custeado por outro amigo; e depois em república universitária).
Assim como o autor, lia muito, só que sempre tive pessoas que me emprestavam ou davam livros; e, feito o autor, também estudava muito; creio que, assim como ele, sou um vencedor.
Já li os outros livros de Saracura: MINHA QUERIDA ARACAJU AFLITA e OS TABARÉUS DO SÍTIO SARACURA. Não sou crítico literário, porisso minha opinião é de leigo, no sentido de que ele alcançou um nível artístico mais elevado com OS TABARÉUS. O livro é extremamente dramático e estranhamente atrativo.
Falando do que interessa no momento, que é MENINOS QUE NÃO QUERIAM SER PADRES, o sentimento que ficou para mim é que o livro reflete um conflito aparentemente real na existência do escritor, de aceitação X repúdio; progresso X recalque; resgate X esquecimento. Em outras palavras, há pontos altos e baixos. Para resumir, creio que ele teve a coragem de enfrentar muitos fantasmas e, no geral, saiu-se bem. Não detectei erros de revisão; pensei em sugerir que ele identificasse os rostos nas fotos do final; depois de ler, no apêndice do livro, a identificação dos personagens, alguns reais outros fictícios, acho que fica melhor como está... faz sentido.
Como último “ponto de contato”, assim como o Saracura está melhor ao ter escrito, também me sinto melhor por ter lido. Acredito que é para isto que nascem as obras literárias... deixando gosto de quero mais!
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